No dia 6 de Outubro de 2019, apareceu uma faixa deixada num viaduto perto do Estadio de Alvalade com uma mensagem bem clara: “Rogério Alves, o cancro do Sporting”. Em minha opinião, nunca ninguém escreveu ou disse nada mais acertado. Era o começo da contestação explícita e aberta aos órgãos sociais do Sporting que culminou com duas mega-manifestações junto ao estádio que, quanto a mim, só pecaram pela desmobilização quando se iniciaram os jogos.
Rogério Alves, actual presidente da mesa da Assembleia Geral leonina, tem acompanhado várias direcções do clube ao longo dos anos. Foi presidente da MAG de 2006 a 2009, no mandato de Filipe Soares Franco que desbaratou grande parte do património do Sporting Clube de Portugal. Foi presidente da mesa da Assembleia Geral da SAD no mandato de José Eduardo Bettencourt, em mais um período de péssima gestão financeira e desportiva. Foi candidato a presidente da MAG nas eleições de 2011 onde após primeira contagem de votos foi considerado eleito, tal como Bruno de Carvalho, mas após os célebres “ajustes” ficou claro como a lama que Godinho Lopes e Eduardo Barroso teriam sido os vencedores.
Está portanto associado a várias direcções que se destacaram pela incompetência e pelo insucesso. Esteva lá quando o passivo aumentou significativamente apesar do património ter sido delapidado sem dó nem piedade. Quando não fez parte dos órgãos sociais do clube, foi comentador em programas televisivos onde espalhou toda a sua eloquência e hipnotizou os sportinguistas com o seu vocabulário rendilhado como fazem os encantadores de serpentes com as suas flautas mágicas. Não obstante nunca ter feito nada de relevante em prol do clube durante décadas os sportinguistas aparentemente confiaram nele mais uma vez para ser o presidente da mesa da Assembleia Geral em Setembro de 2018.
O seu desempenho nos últimos dois anos só pode ser caracterizado como lastimável. Rogério Alves gosta de se ouvir falar e tem uma forte convicção que é mais inteligente do que os outros e por isso denota-se nele uma incapacidade, ou falta de vontade, de reconhecer e respeitar o limite das suas competências. Ao contrário do que ele presume, ao Dr. Rogério Alves não foram confiadas outras responsabilidades a não ser a representação dos sócios, fazer cumprir, aplicar e respeitar os estatutos do clube e conduzir as AG’s de forma democrática, ordeira e eficiente. Basicamente são estas a suas funções.
Apesar de tudo isto, o Dr. Rogério Alves parece ter decidido fazer um “power grab” e implementar no Sporting um sistema totalitário, intolerante, ditatorial, opressivo e antidemocrático. Hoje em dia no Sporting impera a tirania, a prepotência e o desrespeito muito por culpa do presidente da mesa da AG.
Da recusa da leitura da acta da AG de destituição, à realização de votações em Assembleias Gerais utilizando boletins de voto codificados e numerados o mandato de Rogério Alves iniciou-se com uma demonstração de profundo desdém pelos direitos dos sócios, um completo alheamento dos seus deveres, e um verdadeiro atropelamento dos princípios democráticos. O PMAG abandonou deliberadamente o seu dever de representar os sócios para abraçar uma posição que melhor serve os seus interesses e os interesses dos “notáveis”….a de defensor do Conselho Directivo. Indeferiu o requerimento para a realização de uma sessão extraordinária para revogação, com justa causa, do mandato dos titulares do CD do clube, fundamentando-se em irregularidades formais, e decidindo que “os factos constantes no requerimento não integrariam o conceito de justa causa”.
Mais uma vez o ex-bastonário da Ordem dos Advogados ultrapassou as suas competências porque cabe unicamente aos sócios do Sporting passar julgamento sobre a existência, ou não, de justa causa para destituir o Conselho Directivo.
O poder é um vício, e Rogério Alves aparentemente está adicto. Quando alguém se deixa embriagar com o poder a linha entre o que é correcto e o que está errado perde a definição, fica embaciada, e eventualmente desaparece. Esta linha parece nunca ter existido desde 7 de Setembro de 2018 porque Rogério Alves nunca soube limitar a sua acção para aquilo que foi pretensamente eleito. Pelo contrário, faz constantemente a defesa de Frederico Varandas e seus pares com intervenções elogiosas sobre a sua gestão e aceita tomar e defender posições e propostas quando devia manter uma posição de isenção e distanciamento.
O caso do I-voting é o mais recente processo onde Rogério Alves não se devia ter envolvido, e coibir-se de tomar uma posição pública sobre o mesmo. Na sua qualidade de representante máximo dos sócios, o PMAG devia adoptar sempre uma posição institucional de imparcialidade e equidistância sobre todas as propostas do CD e nunca utilizar o seu cargo, ou qualquer plataforma do clube, para tentar influenciar os sócios.
Mais uma vez ele não resistiu ao protagonismo e mandou às malvas os seus deveres e a suas responsabilidades. Participou activamente numa reunião privada com representantes dos núcleos em Dezembro de 2019 para discutir o I-voting quando não o devia ter feito. Pior ainda, aceitou liderar e dirigir um grupo de trabalho para elaboração de um projecto de reforma estatutária que tem como objectivo a introdução do sistema de I-Voting. Assim, Rogério Alves fica com carta-branca para elaborar o projecto de I-Voting e depois será ele a convocar e conduzir a Assembleia Geral onde será discutido e votado o projecto de sua autoria. Será que sou só eu que vejo um claro confito de interesses nessa situação? Será que sou o único a concluir que o Dr. Rogério Alves se apossou de poder que não lhe foi delegado?
Rogério Alves é prepotente mas não é estúpido e tem a plena consciência de que estes Órgãos Sociais não têm o apoio nem a confiança da maioria dos sócios do Sporting, que têm consciência que foram ludibriados e traídos. Ele sabe muito bem que nenhuma ditadura sobrevive a longo prazo sem ter um braço armado. Até hoje, têm tido o apoio da comunicação social, de uma classe política corrupta e uma justiça vendida. Mas a grande aposta para a manutenção do status quo é precisamente o I-Voting. Com o I-Voting implementado estes ditadores terão nas suas mãos um mecanismo que dará legitimidade a quem eles quiserem e a tudo o que eles quiserem.
O I-Voting será o braço armado invencível da ditadura dos croquetes.
O Dr. Rogério Alves não está minimamente interessado em prestar um serviço ao Sporting Clube de Portugal nem aos seus sócios. Está apenas interessado, e empenhado, em consolidar o poder no clube para a uma minoria gananciosa, incompetente e megalómana como ele. Quem afixou aquela faixa no viaduto está carregado de razão. Rogério Alves é o cancro do Sporting. Um cancro quase indetectável, mas letal.
É ele o encantador de serpentes do nosso clube, que hipnotiza os sócios com o seu discurso persuasivo e recortado, que passa constantemente entre os pingos da chuva porque se sabe manobrar bem nos bastidores. Muita gente não sabe que as serpentes são surdas aos sons envolventes mas sentem as vibrações do solo. A flauta do encantador seduz a cobra pelos seus movimentos e sua forma. Muitas vezes os encantadores passam urina de rato na flauta para atrair a serpente que perante o cheiro “procura” a presa. Rogério Alves sabe muito bem que flauta deve usar, que musica deve tocar e quando deve untar a flauta com urina de rato.
Em Outubro de 2019 um conjunto de sócios entregou um requerimento a ser submetido à assembleia geral, que foi recusado pela mesa, mesmo cumprindo todos os preceitos legais. O Movimento Salvar o Sporting informou os sócios leoninos que dadas as constantes violações dos estatutos e regulamentos pela MAG, teria iniciado o processo legal com vista à destituição do presidente da mesma, extensível a toda a mesa. Nunca mais ouvi falar do andamento deste processo. Provavelmente terá sido arrumado numa gaveta qualquer. O Covid-19 desculpa tudo.
Uma coisa é certa; Rogério Alves é o cancro do Sporting e somente os sócios têm a cura para este cancro.
Luís Teves
15/07/2020
Maus
Luís, quanta audácia e também uma pontinha de sorte (a sorte protege os audazes) ao ter saído daqui há muitos anos. Deste país podre, sem valores, sem Palavra, sem dignidade.
Quando a minha filha estiver orientada na vida, talvez dê o salto para um país que não discrimine pela idade no acesso ao trabalho.
Muito obrigado Luís Teves, por nos dar estes artigos de opinião, que são uma verdadeira lufada de ar fresco de quem vive uma liberdade de pensamento. Nota-se tão bem que não vive por cá amordaçado por preconceitos e mais vícios.
Luís, não descreveria melhor o gegé, como o fez neste excelente artigo.
Desde 23/06/2018 (para ser mais preciso uns tempos antes) que o SCP entrou numa espiral de ilegalidades perpetradas pasme-se por advogado e juízes.
Tem um CD que perdeu recentemente o quórum, mas não se passa nada.
Não tem MAG, nem CFeD.
Tem em substituição da MAG e no figurã(o) do seu PMAG um advogado de defesa feroz.
E em vez de um CFeD, um conjunto de juízes jubilados, que todos juntos devem ter 500 anos e que só se conseguem levantar das cadeiras para aplaudir o inenarrável dr. Hoax (quem não souber o que quer dizer, vá por favor ao tradutor).
O gegé é o cancro principal (e…
É verdade . Essa figura sinistra está em todas as direcções que delapidaram património e que tiveram gestões incompreensíveis . Mas enfim . Pelos vistos ainda há quem goste de ser encantado pelo canto da sereia que usar os neurónios .
o cancro é e sempre foi um CANALHA.